terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Coleção Gente da Bahia é lançada nesta quarta

A Assembleia Legislativa lança nesta quarta-feira (28) a Coleção Gente da Bahia, mais um selo editorial que resgata e preserva a memória cultural do estado. Em linguagem acessível, escritos por jornalistas, os livros homenageiam personalidades que marcaram a vida da Bahia, em diversos e importantes segmentos: da música à literatura, da arte popular ao folclore.

Os primeiros cinco títulos são Guido Guerra (de Luíza Torres); Carybé (de José de Jesus Barreto e Otto Freitas); Gordurinha (de Roberto Torres); Riachão (de Janaína Wanderley da Silva) e Mulher de Roxo (de Patrícia Sá Moura).

O lançamento conjunto dessas cinco primeiras obras marca o início da Coleção, que vai colocar no mercado editorial mais quatro perfis até junho – Mestre Pastinha, Reitor Edgar Santos, Dom Timóteo Amoroso Anastácio e o cineasta Roberto Pires, que este ano comemora o cinquentenário de lançamento do seu primeiro filme, Redenção. Essas obras já foram redigidas e estão sendo editadas para a primeira edição impressa.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

PARTE 1

Enquanto o caixão passava, acompanhado pelos amigos e parentes da defunta, Rodrigo permaneceu parado do outro lado da rua, observando a tristeza que invadiu o pequeno vilarejo de Nóia. Durante aqueles minutos, ele relembrou os momentos bons que passou com Renata, mulher que encantava a todos os marmanjos da localidade. Uma lágrima molhou seu rosto, escorrendo do lado de seu nariz afilado. Quando tocou a face e sentiu a lágrima, o jovem médico não acreditou que pudesse demonstrar tal sentimento por alguém, principalmente por uma mulher que teve em seus braços uma única vez.

O velório de Renata não incomodou tanto quanto a presença do coronel Vasconcelos, marido e responsável pela morte precoce da jovem. Por alguns segundos, os dois se olharam, parando o cortejo que seguia até o cemitério. De repente o medo tomou conta das pessoas que seguiam o caixão. O coronel ao ver o rapaz colocou a mão num revólver calibre 38, preso à cintura. Imediatamente, houve espanto e apreensão.

AGUARDEM O RESTANTE DA HISTÓRIA, POSTADA DIARIAMENTE NESSE BLOG

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Bush canta para Obama

Poeta, sou eu?

Que tipo de poeta sou?
Poeta que não aprendeu os exageros do amor
Poeta sem letra, sem rima, sem melancolia
Que acredita na objetividade. Na maneira simples de dizer o que deseja, o que pensa
Poeta sem métrica. Cheio de razão e nenhum tipo de emoção.

Poeta? Acho que não sou.

Coro sinfonico_ 9th Sinfonia de Beethoven





A nona sinfonia de Beethoven é uma das músicas preferidas do meu pequeno Gui. Quando ele começa a chorar, coloco de imediato. Por incrível que pareça, o garotinho fica quietinho escutando.


Monumento vivo de Santo Amaro, Dona Canô encanta a todos que a visitam





Luiza Torres

Ir ao recôncavo baiano e não passar em Santo Amaro da Purificação, a 71 quilômetros de Salvador, para conhecer Dona Canô, é como ir à França e não visitar a Torre Eiffel, ou ir à Itália e não conhecer o Vaticano. Pode parecer até exagero, mas não é, tanto que há um hotel instalado bem ao lado da casa da moradora mais ilustre do município. Tudo para que os hóspedes possam conhecê-la, visitar o sobrado branco, de portão e janelas azuis, onde todos os visitantes são recebidos de braços abertos e com uma boa prosa. “A casa sempre fica cheia. O movimento é mais pela manhã. É uma romaria (risos)”, diz a centenária.

Em Santo Amaro, Dona Canô é uma celebridade, alguns a consideram um monumento vivo da cidade, não por apenas ser mãe do cantor e compositor Caetano Veloso e da interprete Maria Bethânia, mas pela sua simpatia, dedicação e inteligência. Sua benção é disputada por políticos, artistas, vizinhos, turistas e crianças. “Ás vezes ouço as criancinhas me pedirem a benção. Fazer o que? Os pais que ensinam. Os políticos também vêm. Recebo a todos sem exceção”.

Com 101 anos, sua memória é espetacular, lembra de coisas quando ainda era criança, adora uma festa e não perde uma missa. Confessa que a idade a impede de fazer muitas coisas, de participar com mais freqüências das festividades da cidade, e de realizar as atividades domésticas, principalmente de cozinhar, de preparar seus pratos deliciosos e conhecidos por todos que ali passam. “Há quatro anos não cozinho. Me aposentei. Depois disso só vou na cozinha para comer. Ainda não me acostumei. Peço misericórdia para ver se me aprumo mais”, conta.

As suas receitas foram passadas para a cozinheira da família. Dona Canô diz o prato que deve ser preparado no dia e sempre está atenta a tudo na casa que mora há 60 anos. Quase todos os oito filhos da matriarca sabem cozinhar, aprenderam com ela a arte gastronômica. “Todos sabem cozinhar, menos Caetano. Não se interessou. Ele me diz: Mamãe não sei colocar um ovo na frigideira. E eu digo: tudo bem meu filho, fazer o que?. Ele gosta de moqueca, de marisco... Todas as vezes que vem aqui come moqueca de tainha com farinha. Só isso, não come mais nada, nem arroz, nem feijão”, conta.

Para quem pensa que Dona Canô só faz administrar o que será preparado para os seus visitantes e filhos e que a sua alimentação é especial, está muito enganado. Ela come de tudo: feijoada, maniçoba, sarapatel . Dieta é uma coisa que está fora do seu dicionário e afirma que nunca precisou. O segredo está na quantidade que come. Tudo em pequenas porções, sem exageros. “Como qualquer tipo de comida, porém em quantidades pequenas. Sempre fui assim, tanto que até hoje tomo remédios para estimular a fome. Nunca precisei fazer regime porque sempre comi pouco”. A preferida dela é feijoada, já a maniçoba só come no Dia da Lavagem de Santo Amaro. “A gastronomia baiana é a melhor do Brasil e é muito rica. Muita gente vem para o estado só para saborear a comida”, afirma.


Paredes que contam histórias – Logo na entrada do sobrado os visitantes se deparam com várias fotos da família Veloso e com os presentes que Dona Canô ganhou de seus admiradores. “Ganho muitos presentes. É fora do comum. Todo mundo que me visita me traz um presente”. As lembranças ficam expostas para serem vistas por todos que ali passam. As fotos contam histórias de um século. Na parede da sala onde a família e os amigos costumam se reunir para fazer suas refeições, há uma foto emoldurada de Dona Canô com nove anos de idade.Esse ampliou apenas a imagem da matriarca, em uma outra a sala, a mesma foto, porém Canô está acompanhada de várias amigas, uma delas faleceu no ano passado com 100 anos, isso demonstra que na cidade, completar um século não é algo incomum. “Era uma época muito boa. Essa foto foi tirada durante uma festa de uma usina que tinha aqui em Santo Amaro. A família de posse, proprietária da empresa, gostava muito de pastoril e convidava as crianças para fazer o presépio. Eu participava de todas as festas, a de Reis então, gostava muito”, relembra.

Há outras fotografias, como uma que está no quarto e reúne os oito filhos de Canô e do telegrafista José Telles Velloso, alguns já adolescentes, outros ainda crianças. Ela adora falar sobre os filhos, de suas travessuras e conquistas. Conta o que Caetano aprontava nas escolas. “Ele aprendia tudo muito rápido e por isso não prestava atenção nas aulas. Ficava desenhando os professores, fazendo os colegas rirem. Certa vez uma professora disse pra mim que não queria mais Caetano como aluno (risos). Ele nunca foi fácil”, relembra com alegria. Dona Canô também fala da dedicação e organização de Bethânia, das composições de J. Velloso, das poesias de Mabel, das tecelagens de Rodrigo e de todos os outros, sem exceção. Mas afirma sentir muitas saudades, já que a maioria mora em outras cidades, como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.

O catolicismo também está bem presente na sua vida. Há diversos Santos espalhados pelo sobrado, alguns dividem espaço em um altar. A maior parte foram presentes de amigos, filhos e visitantes. Desses, um marcou bastante Dona Canô, foi uma imagem de Santo Antonio todo branco, que ganhou de um médico. “Ele me deu uma Santo Antonio todo branco e perguntei: por que branco? Nunca tinha visto. Mas, esse meu amigo me explicou que quando Santo Antonio cuidava dos leprosos se vestia de branco. Achei muito interessante”, admira-se. O fato de ter gostado tanto da imagem é por ser devota de Santo Antonio. Dona Canô aprendeu a rezar para o santo ainda criança com sua mãe e até hoje participa da trezena. Ela também se denomina filha de Nossa Senhora da Purificação.

Outro presente interessante foi dado pelo artista plástico cearense, Mano Alencar. É uma pintura da face de Jesus Cristo, traçadas com o nome de Dona Canô. Há também mini-esculturas de orixás, presentes do artista plástico Tati Moreno.